Onde a tecnologia de biológicos pode levar os produtores
Os biológicos já existem há décadas, mas recentemente eles estão ganhando espaço como solução complementar aos defensivos tradicionais. Nos Estados Unidos, mais de 45 % dos produtores de grãos já compram ou usam produtos biológicos, contra 37 % em 2022. A conscientização também cresceu: 87 % dos produtores sabem o que são biológicos e a familiaridade com subcategorias como biostimulantes e biofertilizantes aumentou 14 %. Para quem já usa, a principal métrica de sucesso é o aumento de produtividade (85 %), seguido por maior lucratividade (45 %).
Durante o Ag PhD Field Day, Matt Thompson, gerente da Hefty Naturals, destacou que a tecnologia biológica está mais acessível e eficaz. Os produtores agora têm mais ferramentas para combater doenças e alguns inseticidas já usam organismos vivos para afetar o comportamento da larva do milho (rootworm). Produtos como o MegaGrow já são amplamente utilizados, enquanto outras soluções que empregam microrganismos para combater pragas estão em fase inicial de adoção. O sucesso desse mercado depende, segundo Thompson, da disposição dos agricultores em experimentar coisas novas.
Apesar da empolgação, existe confusão na nomenclatura. Pesquisadores da Universidade de Illinois notam que produtores e empresas chamam tudo de “biológicos”, enquanto a literatura científica e órgãos reguladores preferem o termo “biostimulantes”. Essa diferença complica a comunicação e a regulamentação dos produtos. Muitos agricultores perguntam se essas tecnologias realmente funcionam e, segundo os cientistas, ainda há muita educação a ser feita. O levantamento da Stratovation reforça essa necessidade: metade dos produtores que não usam biológicos diz que só adotaria se a rentabilidade fosse comprovada.
Outro ponto que explica o interesse nos biológicos é a perda de produtos sintéticos. Em 2024, por exemplo, a EPA dos EUA retirou do mercado o herbicida DCPA por riscos ambientais. Enquanto herbicidas como dicamba e glifosato são contestados, líderes do setor veem os biológicos como alternativas sustentáveis com potencial enorme. Relatórios de mercado estimam que o setor de biológicos agrícolas deve saltar de US$ 9,5 bilhões em 2022 para cerca de US$ 16,16 bilhões em 2028, impulsionado pela demanda por alimentos orgânicos e pela necessidade de reduzir impactos ambientais.
O que esperar daqui pra frente?
- Inovações direcionadas – Tecnologias que utilizam microrganismos específicos para controlar pragas ou melhorar a absorção de nutrientes devem ganhar força. Produtos como inoculantes para fixação de nitrogênio ou fungicidas biológicos serão cada vez mais comuns.
- Sinergia com química – A tendência não é substituir por completo os defensivos sintéticos, mas integrar biológicos e químicos. Isso permite reduzir doses de químicos, retardar resistência de pragas e melhorar a saúde do solo.
- Mais educação e regulamentação – Para destravar o mercado, empresas e agrônomos precisam fornecer dados claros de eficácia e rentabilidade. Regulações mais claras também ajudarão a diferenciar biológicos, biostimulantes e biofertilizantes.
- Mercado em expansão – Com novas startups e grandes companhias investindo em pesquisa, a variedade de produtos deve aumentar. Fusões e aquisições buscam ampliar portfólios e alcançar novos mercados.
Em resumo, os biológicos estão deixando de ser novidade para se tornar uma ferramenta importante na gestão de doenças, pragas e nutrição das culturas. A adoção está crescendo rapidamente, mas ainda existe um trabalho grande de esclarecimento e validação junto aos produtores. Ficar atento às novidades e conversar com consultores técnicos pode ajudar você a aproveitar essas oportunidades de forma segura e lucrativa.
Texto original: https://www.thepacker.com/news/sustainability/where-can-farmers-expect-next-level-technology-biologicals