Alternativas biológicos ao cobre em hortaliças: desafios e avanços
Introdução
O uso prolongado de cobre como fungicida em hortaliças tem suscitado preocupação devido ao acúmulo no solo, toxicidade a organismos não-alvo e restrições crescentes em sistemas orgânicos. O cobre, embora eficaz, apresenta sérios desafios ambientais. Por isso, a transição para agentes biológicos (BCAs) tem ganhado força, oferecendo soluções mais sustentáveis, apesar das barreiras técnicas e regulatórias.
1. Base conceitual e contexto
Na produção de hortaliças, especialmente em sistemas agroecológicos, o controle biológico surge como alternativa ao cobre através de produtos como ácidos orgânicos, óleos essenciais e extratos vegetais (bibliotecaagptea.org.br, alice.cnptia.embrapa.br). Essas substâncias biológicas são compatíveis com as exigências do modo de produção orgânico, focando na proteção fitossanitária sem resíduos sintéticos.
2. Exemplos e eficácia de agentes biológicos
Diversos estudos relatam experiências bem-sucedidas com BCAs no Brasil e no mundo, com controle eficaz de patógenos em culturas diversas (alice.cnptia.embrapa.br). Embora a literatura acessada não apresente uma tabela de comparação direta com fungicidas à base de cobre, há um consenso sobre o potencial dos biológicos para substituir os químicos em sistemas integrados.
3. Custo-benefício da substituição
Um estudo sobre soja no Rio Grande do Sul analisou o custo-benefício da substituição de insumos químicos por biológicos e indicou que essa transição traz benefícios ambientais sem comprometer a produtividade (congressousp.fipecafi.org). Embora se refira à soja, o resultado mostra que há viabilidade econômica também para hortaliças, especialmente se considerados os custos ambientais e de certificação orgânica.
4. Desafios e limitações
– Efetividade variável: o controle biológico depende de fatores como clima, solo e manejo. Em alguns casos, sua eficácia foi considerada inconsistente, exigindo estudos locais (alice.cnptia.embrapa.br).
– Rotação de produtos: recomenda-se alternar agentes com diferentes modos de ação — inclusive entre biológicos e fungicidas não específicos — para evitar o surgimento de resistência (scielo.br).
– Registro e regulamentação: o processo para aprovar e certificar biológicos é mais complexo que para fungicidas químicos, o que limita sua disponibilidade comercial e aplicação prática.
5. Tabela comparativa
Critério | Cobre (fungicida químico) | Agentes biológicos (BCAs) |
Eficácia geral | Alta e rápida ação | Boa, mas variável conforme condições |
Impacto ambiental | Elevado, acúmulo no solo | Baixo, ecológico |
Custo de uso | Menor inicialmente | Pode ser maior; custo-benefício positivo |
Registro | Amplamente autorizado | Processo complexo e variável |
Resistência | Risco de resistência evolutiva | Menor risco se combinados e rotacionados |
6. Estratégias recomendadas
– Manejo integrado (IPM): combinar doses reduzidas de cobre com BCAs, especialmente nos estágios críticos da cultura.
– Testes locais: adaptar estratégias conforme o clima, o patógeno e características do solo.
– Fomento e pesquisa: investir em formulações estáveis, estudos de eficácia e políticas que facilitem registro e acesso a biológicos.
Conclusão
Os agentes biológicos são uma alternativa promissora e ambientalmente favorável ao cobre no manejo de doenças em hortaliças. Eles oferecem controle eficaz, menor impacto ambiental e ajudam na sustentabilidade da produção. No entanto, sua adoção plena depende de estudos locais, integração em sistemas de manejo e avanços na regulamentação e registro.
Referências citadas
– Manual de Horticultura no Modo de Produção Biológico: uso de ácidos orgânicos, óleos essenciais e extratos vegetais como alternativas biológicas ao cobre (https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/olericultura/livros/MANUAL%20DE%20HORTICULTURA%20NO%20MODO%20DE%20PRODUCAO%20BIOLOGICO.pdf).
– Biocontrole de Doenças de Plantas: experiências exitosas com agentes biológicos no Brasil (https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/579954/1/livrobiocontrole.pdf).
– Custo-benefício da Substituição de Insumo Químico por Biológico (soja/RS): análise favorável da troca para biológicos (https://congressousp.fipecafi.org/anais/21UspInternational/ArtigosDownload/3503.pdf).
– Manejo de Doenças de Plantas em Cultivo Protegido: rotação de fungicidas e prevenção de resistência (https://www.scielo.br/j/fb/a/3x573JjQDyFXSWHBKhSTW6P/?format=pdf&lang=pt).
Um comentário sobre “Alternativas biológicos ao cobre em hortaliças: desafios e avanços”